Quero um bate papo na esquina Eu quero o Rio Antigo com crianças na calçada Brincando sem perigo, sem Metrô e sem Frescão o ontem no amanhã Eu que pego o bonde 12 de Ipanema Pra ver o Oscarito e o Grande Otelo no cinema Domingo no Rian, humm... e deixa eu querer mais... mais paz
Quero um pregão de garrafeiro Zizinho no gramado, eu quero um samba sincopado Taioba, bagageiro e o desafinado que o Jobim sacou Quero o programa de calouros com Ary Barroso O Lamartine me ensinando, um lá, lá, lá, lá, lá, gostoso Quero o Café Nice, de onde o samba vem Quero a Cinelândia estreando "E O Vento Levou" O velho samba do Ataulfo, que ninguém jamais gravou Prk-30 que valia cem, como nos velhos tempos
Quero o carnaval com serpentinas Eu quero a "Copa Roca" de Brasil e Argentina Os Anjos do Inferno, Quatro Ases e Um Coringa Eu quero, eu quero porque é bom É que pego no meu rádio uma novela Depois eu vou a Lapa, faço um lanche no Capela Mas tarde eu e ela, nos lados do Hotel Leblon
Quero um som de fossa da Dolores Uma valsa do Orestes, zum-zum-zum dos Cafajestes Um bife lá no Lamas, cidade sem Aterro, como Deus criou Quero o Chá Dançante lá no Clube, com Waldir Calmon Trio de ouro com a Dalva, Estrela Dalva do Brasil Quero o Sergio Porto, e o seu bom-humor Eu quero ver o Show do Walter Pinto com mulheres mil O Rio aceso em lampiões e violões, que quem não viu Não pode entender o que é paz e amor
Por isso é que meu Rio da mulher beleza Acaba num instante com qual quer tristeza Meu Rio que não dorme porque não se cansa Meu Rio que balança sorrio, sorrio, sou Rio, sou Rio
Rio que mora no mar Sorrio pro meu Rio que tem no seu mar
Lá laia, lá laiá, lá laia, lá laiá Não pode entender o que é paz e amor